terça-feira, 28 de junho de 2016

Cor e Raciocínio - Trabalho Exploratório

Fazendo uma fusão entre a arte e a matemática e recorrendo à cor para desenvolver o raciocínio para operações lógicas utilizei como base do meu trabalho os Quadrados Latinos.
Estes obedecem a 2 regras simples:

1ª- Não se pode repetir o mesmo número em linha horizontal ou vertical;

2ª- Quando existirem subquadados, nos mesmos não se podem repetir nenhum número.

Nota: Estas também foram as regras que apliquei na minha transformação numérica para cromática.
Comecei por experienciar a partir de um quadrado latino de 9 números. Este subdivide-se em outos 9 quadrados, o que dá um total de 81 quadrados isolados. Selecionei uma das teorias dos 7 contrastes cromáticos enunciados por Johannes Itten, a gradação da cor. Selecionei, também, a cor primária azul ciano como ponto de referência em todo o meu trabalho e pretendi que toda a experiência pudesse ser replicada para qualquer uma das outras cores primárias.

Previamente, pintei em 9 folhas, preparadas com a quadrícula necessária, 9 tonalidades de azul onde gradualmente adicionei o cinzento.


Fiz corresponder, ordenadamente, cada tonalidade a um número, obtendo assim 9 tonalidades de quadrados que variaram entre o azul ciano e o cinzento.
Tendo como suporte do trabalho uma tela, desenhei uma grelha quadriculada de 9 x 9 quadrados e nela inscrevi um quadrado latino.


Comecei a compor, inicialmente, pelo número 1 e fazendo-lhe corresponder o azul ciano. Preenchi todos os quadrados correspondentes a esse número. De seguida, o número 2, onde com a tonalidade de azul que tinha a menor quantidade de cinzento fiz a correspondência para todos os quadrados. Posteriormente, o número 3. Aqui recorri à segunda tonalidade de azul com algum cinzento. E assim sucessivamente, cortei e colei quadrado após quadrado pintados de forma correspondente a cada número.

Exemplo:
1-    Azul ciano
2-    Azul ciano + cinzento
3-    Azul ciano + cinzento + cinzento
4-    Azul ciano + cinzento + cinzento + cinzento (…)



Resultados:

Ø  Percebi que com todas as composições realizadas desta forma, a partir de quadrados latinos, obtém-se equilíbrio visual e estético.

Ø  Com 9 cores/ 9 números é difícil, tecnicamente, realiza-los com alunos do ensino básico, visto que para obter tantas tonalidades da mesma cor é necessário um domínio técnico que os alunos ainda não atingiram.

Ø  A partir dos quadros latinos com número ímpar e de uma cor primária (azul ciano) foi possível foi possível trabalhar a gradação dessa mesma cor até atingir as suas cores secundárias, ou seja, se o azul ciano corresponder ao número 5 e lhe for acrescentado magenta gradualmente obtêm-se tonalidades até ao violeta (este corresponde ao número 1 do quadrado latino) e se ao azul ciano também for adicionado gradualmente amarelo encontraremos o verde secundário que corresponderá ao número 9. Todos os outros números serão correspondentes às tonalidades intermédias da composição.





Depois de ter concluído com a primeira experiência que o resultado estético era interessante quis ir mais além e entendi que com a colagem parcial das peças/quadrados se podia explorar algum volume, alguma textura e até a luz/sombra, enrolando o limite dos quadrados e deixando toda a cor contrastar sobre o fundo branco.



Pegando na ideia dos dois trabalhos que obedeciam a uma abordagem artística, pretendi fazer uma exploração pedagógica e/ou didática.

Voltei à gradação da cor azul com o cinzento em formato mais pequeno, ou seja, recorri a quadrados latinos de 6 e 5 números para perceber se eram exequíveis pelos alunos do 2º ciclo do ensino básico.



Percebi que para estes alunos o que me interessa explorar são os quadrados latinos de 4 e 5 números, porque se torna possível serem os alunos a construí-los e a fazerem as suas explorações cromáticas, misturando as tintas para obter as tonalidades e as cores pretendidas, e a partir destas poderem realizar também explorações numéricas.
Então, continuei a explorar, agora a partir de um quadrado latino de 5 números e indo, mais uma vez, de encontro à ideia do azul primário e as duas cores secundárias que o mesmo integra, correspondendo, neste caso, o azul ciano ao número 3 e tendo no limite o violeta (nº1) e o verde (nº5). Os números 2 e 4 são tonalidades intermédias.

Este exercício tem a mesma quantidade de tonalidades que o círculo cromático simples para cada cor primária. Assim sendo, torna-se exequível realizar este exercício com os alunos. 


De forma a tornar este exercício mais explorável em sala de aula, utilizei dois quadrados latinos de quatro números. Nestes apliquei, somente, as tonalidades intermédias e as cores secundárias de azul ciano que nunca aparece mas está implícito nos dois exercícios.




A partir destes exercícios podem ser formuladas várias perguntas efetuadas pelos alunos ou orientadas pelo professor, levando a uma reflexão e desenvolvimento da sensibilidade estética e para a observação da mistura das cores, tais como:
- Qual a cor que falta?
- A partir de que cor estas misturas de cor foram feitas?
- Quais as tonalidades que mais se afastam da cor primária? Porquê?
- Quais ou qual a cor que foi adicionada ao azul ciano para a obtenção do violeta? E do verde?

Muito mais se podia perguntar e refletir sobre estes exercícios que podem ser apresentados individualmente ou em conjunto.

Para concluir a minha pesquisa resolvi introduzir a cor complementar (cor-de-laranja) do azul ciano. Voltando às composições com propósito artístico e recorrendo novamente, à gradação da cor entre o azul primário e o cinzento fiz uma composição visual de forma a explorar a textura e o volume, tal como já tinha realizado na minha segunda tela. Introduzi mais duas variantes que foram pintar o lado de traz dos quadrados e pintar a tela de cor-de-laranja e fazer corresponder os quadrados coloridos a um quadrado latino de 7 números.





Mais um produto/composição que considero muito apelativo nesta junção entre o raciocínio lógico e as cores das artes plásticas.


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