Fazendo
uma fusão entre a arte e a matemática e recorrendo à cor para desenvolver o
raciocínio para operações lógicas utilizei como base do meu trabalho os
Quadrados Latinos.
Estes
obedecem a 2 regras simples:
1ª-
Não se pode repetir o mesmo número em linha horizontal ou vertical;
2ª-
Quando existirem subquadados, nos mesmos não se podem repetir nenhum número.
Nota: Estas também foram as regras que
apliquei na minha transformação numérica para cromática.
Comecei
por experienciar a partir de um quadrado latino de 9 números. Este subdivide-se
em outos 9 quadrados, o que dá um total de 81 quadrados isolados. Selecionei
uma das teorias dos 7 contrastes cromáticos enunciados por Johannes Itten, a
gradação da cor. Selecionei, também, a cor primária azul ciano como ponto de
referência em todo o meu trabalho e pretendi que toda a experiência pudesse ser
replicada para qualquer uma das outras cores primárias.
Previamente,
pintei em 9 folhas, preparadas com a quadrícula necessária, 9 tonalidades de
azul onde gradualmente adicionei o cinzento.
Fiz
corresponder, ordenadamente, cada tonalidade a um número, obtendo assim 9
tonalidades de quadrados que variaram entre o azul ciano e o cinzento.
Tendo
como suporte do trabalho uma tela, desenhei uma grelha quadriculada de 9 x 9
quadrados e nela inscrevi um quadrado latino.
Comecei
a compor, inicialmente, pelo número 1 e fazendo-lhe corresponder o azul ciano.
Preenchi todos os quadrados correspondentes a esse número. De seguida, o número
2, onde com a tonalidade de azul que tinha a menor quantidade de cinzento fiz a
correspondência para todos os quadrados. Posteriormente, o número 3. Aqui
recorri à segunda tonalidade de azul com algum cinzento. E assim
sucessivamente, cortei e colei quadrado após quadrado pintados de forma
correspondente a cada número.
Exemplo:
1- Azul ciano
2- Azul ciano + cinzento
3- Azul ciano + cinzento + cinzento
4- Azul ciano + cinzento + cinzento +
cinzento (…)
Resultados:
Ø
Percebi
que com todas as composições realizadas desta forma, a partir de quadrados
latinos, obtém-se equilíbrio visual e estético.
Ø
Com
9 cores/ 9 números é difícil, tecnicamente, realiza-los com alunos do ensino
básico, visto que para obter tantas tonalidades da mesma cor é necessário um domínio
técnico que os alunos ainda não atingiram.
Ø
A
partir dos quadros latinos com número ímpar e de uma cor primária (azul ciano)
foi possível foi possível trabalhar a gradação dessa mesma cor até atingir as
suas cores secundárias, ou seja, se o azul ciano corresponder ao número 5 e lhe
for acrescentado magenta gradualmente obtêm-se tonalidades até ao violeta (este
corresponde ao número 1 do quadrado latino) e se ao azul ciano também for
adicionado gradualmente amarelo encontraremos o verde secundário que corresponderá
ao número 9. Todos os outros números serão correspondentes às tonalidades
intermédias da composição.
Depois
de ter concluído com a primeira experiência que o resultado estético era
interessante quis ir mais além e entendi que com a colagem parcial das
peças/quadrados se podia explorar algum volume, alguma textura e até a
luz/sombra, enrolando o limite dos quadrados e deixando toda a cor contrastar
sobre o fundo branco.
Pegando
na ideia dos dois trabalhos que obedeciam a uma abordagem artística, pretendi
fazer uma exploração pedagógica e/ou didática.
Voltei
à gradação da cor azul com o cinzento em formato mais pequeno, ou seja, recorri
a quadrados latinos de 6 e 5 números para perceber se eram exequíveis pelos
alunos do 2º ciclo do ensino básico.
Percebi
que para estes alunos o que me interessa explorar são os quadrados latinos de 4
e 5 números, porque se torna possível serem os alunos a construí-los e a
fazerem as suas explorações cromáticas, misturando as tintas para obter as
tonalidades e as cores pretendidas, e a partir destas poderem realizar também
explorações numéricas.
Então,
continuei a explorar, agora a partir de um quadrado latino de 5 números e indo,
mais uma vez, de encontro à ideia do azul primário e as duas cores secundárias
que o mesmo integra, correspondendo, neste caso, o azul ciano ao número 3 e
tendo no limite o violeta (nº1) e o verde (nº5). Os números 2 e 4 são
tonalidades intermédias.
Este
exercício tem a mesma quantidade de tonalidades que o círculo cromático simples
para cada cor primária. Assim sendo, torna-se exequível realizar este exercício
com os alunos.
De
forma a tornar este exercício mais explorável em sala de aula, utilizei dois
quadrados latinos de quatro números. Nestes apliquei, somente, as tonalidades
intermédias e as cores secundárias de azul ciano que nunca aparece mas está
implícito nos dois exercícios.
A
partir destes exercícios podem ser formuladas várias perguntas efetuadas pelos
alunos ou orientadas pelo professor, levando a uma reflexão e desenvolvimento
da sensibilidade estética e para a observação da mistura das cores, tais como:
- Qual
a cor que falta?
- A
partir de que cor estas misturas de cor foram feitas?
- Quais
as tonalidades que mais se afastam da cor primária? Porquê?
- Quais ou
qual a cor que foi adicionada ao azul ciano para a obtenção do violeta? E do
verde?
Muito
mais se podia perguntar e refletir sobre estes exercícios que podem ser
apresentados individualmente ou em conjunto.
Para
concluir a minha pesquisa resolvi introduzir a cor complementar (cor-de-laranja)
do azul ciano. Voltando às composições com propósito artístico e recorrendo
novamente, à gradação da cor entre o azul primário e o cinzento fiz uma
composição visual de forma a explorar a textura e o volume, tal como já tinha
realizado na minha segunda tela. Introduzi mais duas variantes que foram pintar
o lado de traz dos quadrados e pintar a tela de cor-de-laranja e fazer
corresponder os quadrados coloridos a um quadrado latino de 7 números.
Mais um produto/composição que considero muito apelativo nesta junção entre o
raciocínio lógico e as cores das artes plásticas.